Uma em cada duas adolescentes apresentam um transtorno mental durante a gravidez ou um ano após o nascimento, e MOÇAMBIQUE, ocupa a 4ª posição na taxa de gravidez na adolescência, por isso, há uma necessidade de desenvolver intervenções que ajudem a minimizar estas estatísticas.
Por isso, o ICRH-M, através do Projecto Inspire, com uma Abordagem Centrada no ser Humano (HCD) procura Desenvolver um pacote de intervenção de promoção da saúde mental para adolescentes grávidas e novas mães com idades entre 15-19 anos vivendo em Moçambique ao longo de um período de dois anos. O estudo está a ser feito na província de Tete, concretamente no distrito de Moatize e na localidade de Cateme, para aferir os desafios, as necessidades e as prioridades das adolescentes dos 15 aos 19 anos de idade para manter a boa saúde mental durante a gravidez e um ano após o parto. Em 18 meses de actividades de campo, segundo Domingos Mahangue, coordenador províncial do ICRH-M, já há resultados preliminares para a reflexão. Neste grupo alvo, de meninas e raparigas dos 15 aos 19 anos, entre outros resultados constatou-se que há:
- Falta de condições básicas para o autosustento.
- Violência psicológica por parte dos profissionais de Saúde;
- Cobranças ilícitas para terem assistência no trabalho de parto e acesso a métodos de planeamento familiar;
- Violência psicológica e física por parte dos familiares (Sogras, Mães, Parceiros e Avó entre outros);
- Casamentos prematuros forçados e orquestrados pelos Pais.
- Distâncias percorridas até às unidades sanitárias;
- Fraco conhecimento sobre cuidados a ter com o bebê
Estes dados foram partilhado semana finda, em Tete, numa reunião técnica com os parceiros de implementação dos Serviços Provinciais de Saúde, na pessoa do co-investigador Xarifo Gentivo, médico-chefe provincial, e a Direção Provincial de Saúde de Tete, que se juntaram à Tatiana Salsbury, investigadora primária e, no caso, representando o doador, para avaliar o estado de implementação.

Na ocasião, Xarifo Gentivo foi perentório ao afirmar que, esta abordagem é, de facto, esperançosa, avaliando pelo nível de intervenções. “As etapas já mostram algum resultado do que se pode esperar com o andar do projecto Inspire. É uma abordagem diferente, tanto é que nós, a saúde, já a olhamos com uma nova ambição. Queremos fazer a réplica deste modelo, por isso, já há um protocolo similar para fazer uma abordagem virada na solução para os problemas do sector da saúde”, disse Gentivo que mais adiante exemplificou – “uma pesquisa relacionada aos profissionais da saúde, quanto ao atendimento não humanizado. Com esta abordagem do inspire, que é virada para a rapariga – pegamos neste, e tomamos o Provedor de Saúde como foco, para ir lá buscar o porquê de estes, não conseguirem dar o serviço humanizado ao paciente, por isso, assumimos como um desafio”.

Por sua vez, Tatiana Salsbury, coordenadora global do projecto INSPIRE, e em representação da Kings College London – o doador, disse não ter dúvidas que, efetivamente, o projecto vai trazer mudanças na vida das mulheres e raparigas do distrito de Moatize, avaliando pelo desempenho do projecto em 18 meses. “É com muita satisfação que notamos que, com cerca de 18 meses de implementação do projecto, e 8 meses no caso para o ICRH-M em actividades de campo, há muita diferença do que se esperava na altura do desenho, e com o que a prática, no caso, os resultados preliminar estão a mostrar. De facto, estamos a aprender com os factos encontrados, e isso permite-nos alinhar melhor as nossas estratégias. Este envolvimento de todos os parceiros na província está a contribuir para que o projecto caminhe em direção a bons resultados, e identificar o que, efetivamente, não funciona. Por isso, auguro que esta colaboração continue”, disse Tatiana Salsbury, à margem da apresentação do ponto de situação do projecto aos parceiros.

Recorde-se que o projecto é composto por duas fases: (1) desenvolvimento da intervenção e (2) teste piloto, a serem realizadas durante 48 meses (1 de Setembro de 2020 – 31 de Agosto de 2024). INSPIRE é um projeto de 4 anos que visa co-desenvolver intervenções escalonáveis, sustentáveis e eficazes para melhorar a saúde mental de meninas adolescentes durante a gravidez e no ano após o nascimento no Quênia e em Moçambique, combinando intervenções centradas na pessoa, pensamento sistêmico e ciência de implementação. Esta é uma colaboração entre a Universidade Aga Khan – África Oriental, o Centro de Saúde Mental Global, King’s College London, o Centro de Design Helen Hamlyn, Royal College of Art e o Centro Internacional de Saúde Reprodutiva – Moçambique.
